Hunter Stockton Thompson foi um jornalista e escritor norte-americano. Conhecido pelo seu estilo de escrita extravagante, aperfeiçoado em seu livro mais famoso, Medo e Delírio em Las Vegas,
Thompson foi um criador de um estilo denominado Jornalismo Gonzo. Esse
estilo se caracteriza por acabar com a distinção entre autor e sujeito,
ficção e não ficção. Hunter foi um adolescente problemático, sendo preso
por roubo em 1956.
Como parte da pena, ele foi alistado na Força Aérea, onde começou a
trabalhar como jornalista no jornal da base onde servia. Após ser
dispensado, entrou na Universidade de Columbia, em Nova York,
onde teve aulas de escrita de contos e levava um estilo de vida
inspirado no Movimento Beat. Enquanto estudava, conseguiu um emprego de
copiador na revista Time,
de onde foi despedido por insubordinação.
Depois trabalhou em um jornal
do interior do estado de Nova York, e também foi despedido em pouco
tempo.Em 1960 ele se mudou para San Juan, Porto Rico, para trabalhar em uma revista de esportes chamada El Sportivo.
A revista durou pouco tempo e Thompson foi viajar por vários países da
América Central e da América do Sul, trabalhando como free-lance para
diversas publicações. Conseguiu um trabalho fixo como correspondente do
jornal National Observer na América do Sul. De volta aos Estados Unidos,
trabalhou como segurança, e escreveu dois romances, Prince Jellyfish e Rum: Diários de um jornalista bêbado (The Rum Diary), além de diversos contos, que não foram publicados.
The Rum Diary é um filme americano de 2011, baseado no romance homônimo
de Hunter. O filme é dirigido por Bruce Robinson e conta com Johnny Depp
e Amber Heard no elenco. Paul Kemp (Johnny Depp) é um jornalista
itinerante, que cansa de Nova Iorque e da América, sob a administração
de Dwight D. Eisenhower e viaja para Porto Rico para escrever para o San
Juan Star. Kemp começa o hábito de beber cachaça, vive o dilema de
escrever sobre o mundo corrupto que vê ou aderir a ganância e ainda fica
obcecado por Chenault (Amber Heard), que está noiva de seu colega
jornalista. Rum, frases certeiras do escritor "Porto Rico parece aquela pessoa que você comeu e ainda não saiu debaixo de você"
e um elenco que funciona , fazem do filme de Bruce Robinson, um
sucesso. Acidez, cinismo, melancolia e o idealismo de Kemp, preenchem o
longa.
Sua paixão pela bela Chenault (Amber Heard) e sua eterna
tentativa de livrar a moça do vilão e dar a ela um amor à altura, ou
seja, o seu. Até que domina o filme, porém, narrativa vai além dessa
paixão, mostra uma descoberta do outro em si, e o quanto essa possível
descoberta poderá influenciar o outro. Ou corromper o outro.
"o poder corrompe, portanto, o poder absoluto cor- rompe de maneira absoluta".
Lorde John Acton
O poder tem uma tendência, inerente a ele, de corromper. Mas uma
tendência pode ser detida, contida e limitada. Já o poder absoluto, sim,
corrompe sempre e absolutamente. No caso dele, a tendência se converteu
em realidade. Todo poder é perigoso. Tende a degradar relações humanas. Mas esse
veneno pode ser detido, desde que não infeccione o sujeito por completo. O
importante não é opor o bem ao mal, o sem poder ao poder, e sim evitar
que o poder seja confinado por outra força,
talvez tão ruim quanto ele. Não é melhor jogar um mal contra outro? Não
será este o segredo da boa administração de um mundo em que o mal é tão frequente?
Kemp é protagonista
da própria pauta. O filme de Robinson mostra claramente o estilo de escrita adotado por Thompson, quando
Kemp depois de ter bebido muito, experimenta
ácido e, sob a influência do psicotrópico, "altera" realidade ao seu redor. O filme Medo e Delírio em Las Vegas
mostra ao extremo essa ordem física do mundo alterada por completo na
viagem individual e intransferível do LSD. Ou sejam o estilo gonzo de
escrita, define de vez essa dualidade entre autor e sujeito.
"Agora entendi, cruel relação entre crianças, revirando lixo em busca
de alimento e placas brilhantes na porta dos bancos".Mundo é cínico e tampouco se importa, com aqueles que não aderem ao poder.
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"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles)