Um dos pontos mais abordados foi a solidão e como isso é infinitamente expressivo em grandes centros urbanos. Ao mesmo tempo que estamos ao lado de milhões de pessoas,oportunidades, encontros amorosos, não temos nada ou somos apenas mais um na multidão, apenas mais um número no crachá... Atualmente, o individualismo e a solidão vem sendo uma tendência
marcante das sociedades contemporâneas. No entanto, mais do que marcar
uma característica dos nossos tempos, a questão do isolamento é mais um
dos vários fenômenos socioculturais abrangidos pelos estudos da
sociologia. Além disso, a questão do isolamento não se limita a seres
isolados, sendo também vivenciado por certos grupos sociais.Nas últimas décadas, o isolamento social pode ser presenciado na chamada
“tendência single”, onde um grande número de pessoas – que vivem em
grandes centros urbanos – prefere experimentar uma rotina solitária.
Nesse tipo de fenômeno, o indivíduo não se mostra totalmente recluso da
sociedade. Entretanto, o individualismo e o receio de estabelecer laços e
compromissos com outro acabam transformando a solidão em uma opção mais
confortável para o “single”. O filme mostra exatamente isso e nos presenteia com a identidade dos moradores, suas particularidades, suas condições e
formas de vida. Realizamos um passeio ao lírico e ao mesmo tempo decadente pelo edifício através de sua estrutura
física, com misteriosos corredores.
Voltando ao aspecto solidão vs humanos. Ao longo da história, poderíamos encontrar outros casos de isolamento
social. Na Idade Média, por exemplo, diversos membros da Igreja
procuravam a elevação de sua condição espiritual buscando uma vida
reclusa no interior dos mosteiros. Na Grécia Antiga, os instrumentos da
democracia ateniense poderiam condenar um cidadão ao ostracismo, espécie
de degredo onde as pessoas que ameaçavam a ordem política ficavam
exiladas por dez anos.No âmbito coletivo, o isolamento social também atingiu grupos sociais
que tinham suas liberdades restringidas. Durante o processo de
colonização da África do Sul, por exemplo, as autoridades inglesas
adotaram uma política de isolamento socialmente conhecida pelo nome de
“apartheid”. O apartheid previa uma série de leis que visavam impedir
que os indivíduos considerados negros tivessem algum tipo de contato com
qualquer pessoa de descendência europeia.
No documentário, uma das cenas que mais comove é de um senhor(Henrique)que é fã do Frank Sinatra.Em meio ao contexto da entrevista ele coloca "My Way" e ao olhar aquele senhor em sua simplicidade revivendo seu passado em um presente tão singular e solitário, sinto um vazio(até que necessário) que no meu caso refere-se ao profissional e derramo lágrimas.Talvez uma das mais tristes e preocupantes consequências de vivermos
cercados de pessoas egoístas seja a dificuldade de confiar. É que quem
só pensa em si mesmo sequer reconhece como traição suas mentiras ou
omissões mal intencionadas. Talvez por falta de consciência, por excesso
de auto indulgência ou pela simples ausência de um autoexame, essas
pessoas consideram naturais e justificáveis todas as suas ações, não se
importando com quem ficar ferido pelo caminho. Cada um que cuide de si.
Mas, no documentário temos um período de bonança com cenas agradabilíssimas como: aniversário surpresa, romances, cena do início de uma vida em cidade grande entre outras. A produção foi bem bacana, o diretor e sua equipe mantiveram-se durante três semanas dentro do edifício,
literalmente morando lá, com a intenção de que ocorresse uma
ambientação entre a equipe que produzia o documentário e os moradores.
Apesar do edifício Master estar localizado em uma área nobre da cidade
do Rio de Janeiro, em Copacabana,
a maioria de seus moradores pertence às classes médio baixa e baixa,
principalmente comparando com a realidade da sociedade carioca. Os
moradores do edifício são pessoas provenientes de diversos locais e
origem, com idades diversas, e com diversas histórias de vida, mas
habitando todas em um mesmo local. Estes mesmos moradores raramente se veem, ou nem sabem da existência um do outro.Mais ou menos equivalente ao COPAN SP.Intrigante pensar que vivemos em um mundo "globalizado", em plena "era da informação" e ao mesmo tempo, um aniquilando o outro seja no âmbito corporativo ou social. Tudo em nome de um pseudo final 'feliz'. Edifício Master, um excelente documentário que mostra um pouco do que é conviver com a solidão e esperança.
Patrícia, eu confesso que tenho uma dívida enorme com o documentário como gênero, o números de resenhas de docs no Sublime já denota isso. Os trabalhos do Eduardo Coutinho sempre despertaram minha curiosidade, sempre planejo de ver algum deles, mas nunca o faço...
ResponderExcluirA abordagem da solidão me pareceu ser bastante interessante, eu sei bem o que é estar rodeado de pessoas e ainda se sentir solitário, incompleto, vazio...
Olá Brunão,
ResponderExcluirSó te digo isso:
Quando puder assista(vai gostar) bjsssssssss