"Uma mão diminuta mexe em um anel que ocupa todo o dedo mínimo da mão de um homem. A voz de uma menina pergunta para aquele homem se o anel é de verdade, e ele responde que sim, que a joia foi um presente do pai para a mãe dele. Ela pergunta porque ele está com o anel, e ele responde que é porque o avô da menina deu a joia para a mãe dele antes de sair da Espanha. Depois disso, a mãe dele, que estava grávida, nunca mais teria visto o marido. A menina então pede para colocar o anel no dedo, e ele deixa, antes dela comentar que a mãe sempre usava o objeto no dedo anelar e que afirmava que a joia era de mentira. Corta."
O filme começa em um bosque
cheio de neve, uma coruja aparece estirada sobre o cenário branco. A
voz de Uxbal (Javier Bardem) segue contando para a filha, Ana (Hanaa
Bouchaib), que a mãe da garota nunca ouviu aquele som, o de mar.
Depois destas cenas, passamos a acompanhar a vida de Uxbal e a sua luta para criar Ana e Mateo (Guillermo Estrella), os filhos que ele teve com a instável Marambra (Maricel Álvarez). Faz parte do cotidiano de Uxbal, além da educação e da busca do sustento dos filhos, negociações com imigrantes ilegais e policiais. Ele é importante em sua comunidade de classe operária de Barcelona, onde a história se passa. Uxbal resolve os problemas das pessoas e tenta solucionar os seus, o perdão está aí para redimir a todos nós. A busca pelo caminho do bem é cotidiana, e sempre que nos afastamos dele, nos aproximamos mais das sombras que tanto perturbavam Uxbal. Nada escapa da lógica da vida e da morte. E ainda assim, sempre há reencontros e a possibilidade da redenção. Mesmo com toda a imperfeição retratada no filme, temos lampejos de beleza e esperança.
{SPOILERS}
Alejandro González Iñarritu, que realizou filmes como "Babel", exigiu que Javier passasse mais de cinco meses na pele de Uxbal.Gostaria de dissecar um pouco mais o filme.
Será, que as coisas são do jeito que Biutiful mostra? Geralmente, em alguns filmes, reportagens, documentários, vemos o lado "BEAUTIFUL" desses países; e o lado B cadê? Muitos insistem em "meter o pau" no exterior e acabam esquecendo do preconceito 'mascarado' que também temos em nosso país. Se na Espanha descem o 'sarrafo' nos imigrantes 'ilegais' o que é feito no Brasil? Aqui o 'sarrafo' no que refere-se a oportunidades profissionais é acompanhado de um belíssimo sorriso amarelo, beijo na frente, vômito por trás e um faraônico: 'ou aceita o salário mínimo ou sua resposta será :NÃO, não e não!' Somos o sexto colocado no quesito preconceito. Será que temos BOAS oportunidades de emprego? Governo e grande parte dos empresários brasileiros não me venham com o velho slogan: "temos muitas oportunidade em aberto e o que falta é profissional adequado. Pagamos salários que variam entre mínimo a três mil reais." Isso te satisfaz?
Voltando ao filme, chineses e africanos são explorados sem dó nem piedade, também temos policiais corruptos e uma sociedade burguesa que não está nem aí. Existe uma máfia que se beneficia dos 'imigrantes ilegais'? Sim, há redes de exploração de imigrantes. Eles ocupam sempre os espaços marginais em cidades como Madrid. Estão lá, vendendo DVDs com filmes pirata, ocupam ruas e lojas em que comercializam os mais diferentes produtos “alternativos”. Os espanhóis são consumidores e também deixam claro que aquelas pessoas são “invasores”. Mais ou menos como no Brasil(Centro de São Paulo, Av Paulista/Arredores, Extremo Zona Sul, Leste etc) Temos exemplo do ex Prefeito Kassab "limpando" nossas ruas das barracas 'ilegais' e até legalizadas. Já em Buenos Aires "barracas de rua" são fundamentais para os argentinos. Seria questão cultural? Ou uma leve 'pincelada' de apoio político/financeiro para crescimento da própria classe C/D (PIB)? Atualmente, o clima entre nativos e os imigrantes ilegais não deve ser diferente. Com um nível de desemprego maior e pouca oportunidade de trabalho, ou seja, piorou. E muitos dos que xingam, recorrem aos produtos vendidos pelos 'chinos'(modo carinhoso que os espanhóis chamam os chineses)ou pelos africanos. Mas no restante do tempo, os espanhóis e acredito que franceses também, e outras nacionalidades se sentem “invadidas” pelos ilegais , essas pessoas são indesejáveis. Lamentável o conflito cotidiano entre as pessoas que se sentem donas de uma terra e de uma realidade e aquelas que tiveram que deixar os seus países e raízes, em busca de um "sonho".
Biutiful, um filme meio “existencialista”, sociológico, e que aborda temas importantes sobre essa realidade conflitante das grandes cidades. Biutiful mostra imigrantes ilegais, corrupção policial e exploração. E essa dualidade em tratamento de honra para alguns estrangeiros, enquanto outros tratados como escória, não é privilégio de países do exterior. Em nosso país, temos o próprio povo e seus imigrantes, marginalizados - Nosso slogan deveria ser: "Um país de 'todos'(no quesito impostos) e no 'desfrute' um país para poucos!"
Em BIUTIFUL é interessante também a “homenagem” que o diretor faz aos antepassados e a esta linha amorosa que une distintas gerações de uma família. Resumindo: É o retrato de um homem que tenta fazer a coisa certa quando o mundo em torno dele parece todo errado.
Depois destas cenas, passamos a acompanhar a vida de Uxbal e a sua luta para criar Ana e Mateo (Guillermo Estrella), os filhos que ele teve com a instável Marambra (Maricel Álvarez). Faz parte do cotidiano de Uxbal, além da educação e da busca do sustento dos filhos, negociações com imigrantes ilegais e policiais. Ele é importante em sua comunidade de classe operária de Barcelona, onde a história se passa. Uxbal resolve os problemas das pessoas e tenta solucionar os seus, o perdão está aí para redimir a todos nós. A busca pelo caminho do bem é cotidiana, e sempre que nos afastamos dele, nos aproximamos mais das sombras que tanto perturbavam Uxbal. Nada escapa da lógica da vida e da morte. E ainda assim, sempre há reencontros e a possibilidade da redenção. Mesmo com toda a imperfeição retratada no filme, temos lampejos de beleza e esperança.
{SPOILERS}
Alejandro González Iñarritu, que realizou filmes como "Babel", exigiu que Javier passasse mais de cinco meses na pele de Uxbal.Gostaria de dissecar um pouco mais o filme.
Será, que as coisas são do jeito que Biutiful mostra? Geralmente, em alguns filmes, reportagens, documentários, vemos o lado "BEAUTIFUL" desses países; e o lado B cadê? Muitos insistem em "meter o pau" no exterior e acabam esquecendo do preconceito 'mascarado' que também temos em nosso país. Se na Espanha descem o 'sarrafo' nos imigrantes 'ilegais' o que é feito no Brasil? Aqui o 'sarrafo' no que refere-se a oportunidades profissionais é acompanhado de um belíssimo sorriso amarelo, beijo na frente, vômito por trás e um faraônico: 'ou aceita o salário mínimo ou sua resposta será :NÃO, não e não!' Somos o sexto colocado no quesito preconceito. Será que temos BOAS oportunidades de emprego? Governo e grande parte dos empresários brasileiros não me venham com o velho slogan: "temos muitas oportunidade em aberto e o que falta é profissional adequado. Pagamos salários que variam entre mínimo a três mil reais." Isso te satisfaz?
Voltando ao filme, chineses e africanos são explorados sem dó nem piedade, também temos policiais corruptos e uma sociedade burguesa que não está nem aí. Existe uma máfia que se beneficia dos 'imigrantes ilegais'? Sim, há redes de exploração de imigrantes. Eles ocupam sempre os espaços marginais em cidades como Madrid. Estão lá, vendendo DVDs com filmes pirata, ocupam ruas e lojas em que comercializam os mais diferentes produtos “alternativos”. Os espanhóis são consumidores e também deixam claro que aquelas pessoas são “invasores”. Mais ou menos como no Brasil(Centro de São Paulo, Av Paulista/Arredores, Extremo Zona Sul, Leste etc) Temos exemplo do ex Prefeito Kassab "limpando" nossas ruas das barracas 'ilegais' e até legalizadas. Já em Buenos Aires "barracas de rua" são fundamentais para os argentinos. Seria questão cultural? Ou uma leve 'pincelada' de apoio político/financeiro para crescimento da própria classe C/D (PIB)? Atualmente, o clima entre nativos e os imigrantes ilegais não deve ser diferente. Com um nível de desemprego maior e pouca oportunidade de trabalho, ou seja, piorou. E muitos dos que xingam, recorrem aos produtos vendidos pelos 'chinos'(modo carinhoso que os espanhóis chamam os chineses)ou pelos africanos. Mas no restante do tempo, os espanhóis e acredito que franceses também, e outras nacionalidades se sentem “invadidas” pelos ilegais , essas pessoas são indesejáveis. Lamentável o conflito cotidiano entre as pessoas que se sentem donas de uma terra e de uma realidade e aquelas que tiveram que deixar os seus países e raízes, em busca de um "sonho".
Biutiful, um filme meio “existencialista”, sociológico, e que aborda temas importantes sobre essa realidade conflitante das grandes cidades. Biutiful mostra imigrantes ilegais, corrupção policial e exploração. E essa dualidade em tratamento de honra para alguns estrangeiros, enquanto outros tratados como escória, não é privilégio de países do exterior. Em nosso país, temos o próprio povo e seus imigrantes, marginalizados - Nosso slogan deveria ser: "Um país de 'todos'(no quesito impostos) e no 'desfrute' um país para poucos!"
Em BIUTIFUL é interessante também a “homenagem” que o diretor faz aos antepassados e a esta linha amorosa que une distintas gerações de uma família. Resumindo: É o retrato de um homem que tenta fazer a coisa certa quando o mundo em torno dele parece todo errado.
aaaaaaaaaaaah! Javier...
ResponderExcluirDois amores de mi vida: ele e a linda Pnelope Cruz.
Este filme é forte e mostra pelo menos 10% da realidade da população 'humilde' da Espanha(que é bem mais complexa e triste) fotografia soturna do filme é espetacular.
Bela resenha.
bj
Ju