28 Days





28 Dias - O Filme 
Filme estaduniense de 2000 dirigido por Betty Thomas . No elenco Sandra Bullock, Viggo Mortensen, Dominic West, Elizabeth Perkins, Steve Buscemi e Diane Ladd.
Gwen Cummings é uma jornalista que adora beber ao lado de seu noivo Jasper e seus amigos. Talvez, o único 'incomodo' para ela mesma. é justamente essa transposição de limites. Gwen logo, percebe que seu vício em bebidas e tranquilizantes, está além do seu controle, quando acaba com bolo de casamento de sua irmã e ainda bate a limusine quando está em seu telefone celular tentando encontrar outro bolo para substituir o que ela destruiu. Depois disso, ela terá que escolher entre prisão ou 28 dias em um centro de reabilitação. Ela escolhe a reabilitação. No entanto, ela é extremamente resistente a tomar parte em qualquer dos programas de tratamento e ainda recusa em aceitar que é viciada.Depois de conhecer alguns dos outros pacientes, Gwen começa gradualmente a reexaminar sua vida e ver que ela, de fato, tem um problema sério. Seu desejo sincero para ficar bem complica seu relacionamento com o de longa data, bom vivente namorado Jasper. Ela faz amizade com Andrea, uma jovem de 17 anos se recuperando do seu vício em heroína que despretensiosamente acaba se criando um laço de amizade com Gwen. Todos os pacientes se unem para enfrentarem o longo caminho até sobriedade.

O filme com seu tom de solidão, mostra que os caminhos para o vício, seja droga lícita ou ilícita é sempre complexo. No caso de Gwen, tudo resumia-se a bebidas, alegrias e muitos "amigos" ao lado, tudo fluía "perfeitamente", quando se estava fora de órbita. Só quem enfrenta, situação de vício, sabe o quanto nos enganamos, querendo dizer: "só mais esse cigarro ou gole". Da mesma forma, logo, pensamos que quando quisermos iremos parar. Porém, basta algo caminhar errado em nossa vida, que logo, o vício retoma. E uma das cenas que me chamou atenção(dentre muitas) foi palestra em grupo, onde eles fazem uma oração que diz: Deus, dai-me serenidade para aceitar o que não posso mudar, coragem para mudar o que posso, e sabedoria para distinguir a diferença”.

Vício do latim "vitium", que significa "falha" ou "defeito". Um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem.
A acepção contemporânea está relacionada a uma sucessão de denominações que se alteraram historicamente e que culmina com uma relação entre o Estado, a individualidade, a ética e a moral, nas formas convencionadas atualmente. Além disso, está fortemente relacionada a interpretações religiosas, sempre denotando algo negativo, inadequado, socialmente reprimível, abusivo e vergonhoso. Porém, em termos genéricos, é interessante a abordagem de Margaret Mead:
“A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”. Muitas vezes, os períodos onde a dor e o prazer se inserem variam, sendo que o segundo é sempre mais longo e permanente que o primeiro.
Vício é um caminho angustiante,  como se a própria pessoa desenvolvesse a Síndrome de Estocolmo, mas ao invés de se afeiçoar ao sequestrador, afeiçoa-se ao seu vício. O Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestro, em que a vítima desenvolve sentimentos de lealdade para com o sequestrador apesar da situação de perigo em que se encontra colocada. Na grande maioria dos vícios, uns mais destrutivos que outros, a pessoa tem consciência do quão prejudicial é continuar a alimentar o comportamento inadequado, que na grande maioria das vezes toma conta da sua vida, ou pelos menos causa-lhe grandes transtornos em algumas áreas da sua vida. No entanto, paradoxalmente a pessoa vive entre o reforço positivo (afeiçoa-se ao vício) e a punição (tem consciência do mal que faz).No filme, em várias cenas notamos este tipo de comportamento, recaídas, recompensa e falsa esperança.
Por exemplo, lembram do filme  Lago dos Cisnes?  Podemos traçar um paralelo entre o vício e  o filme. O vício entra sorrateiramente na vida de uma pessoa, atraindo e condenando, confortando e destruindo. Logo, temos o cisne branco, inocente e gracioso, outro momento temos o cisne negro, sombrio e destrutivo.Em um único ser. Nossos desejos, ideias, aspectos funcionais pouco a pouco, dando lugar ao vazio, ao subversivo, onde muitas vezes nossa voz interior nos leva para este caminho sem volta.Por outro lado, essa mesma voz interior autocrítica desempenhará dois papéis durante o tormento de um vício: seduzirá e punirá. Comportamentos de dependência representam um ataque direto contra a saúde física e bem-estar emocional, e limitam a capacidade de realizar objetivos pessoais 
Essa dependência psicológica pode se caracterizar pela relação entre a pessoa e o objeto de seu vício. Caso fiquemos longe daquela atividade, passaremos por estresse e mal-estar, criando essa sensação que  devemos utilizar tal substância, para ficarmos bem. A dependência trata-se da troca de prioridades onde, devido aos bons estímulos conseguidos, comportamentos mais frequentes tornam-se obsoletos e o comportamento vicioso cresce em importância. A dependência define-se, então, como a relação de uma pessoa com uma atividade que traz danos biológicos ou sociais que está fora do controle deste indivíduo. O funcionamento biológico da dependência psicológica está no sistema de recompensa do cérebro. As atitudes que nos causam a sensação de prazer estão sendo encorajadas com esta sensação pelo sistema. É pela ativação farmacológica do sistema de recompensa que funciona uma droga e é esta a principal razão pela qual são viciantes. Não só operam ativando este sistema, mas algumas drogas o aceleram consideravelmente. 

A heroína aumenta a frequência de liberação neural de dopamina. A cocaína, por sua vez, aumenta a disponibilidade de dopamina na atividade cerebral. É  assim,  usando uma droga, pode se obter prazer. Pois o fármaco ativa o sistema de recompensa do cérebro. Por este motivo, as drogas que lidam com o humor, sensações e as que afetam o sistema nervoso central são as mais propensas a causar dependência psicológica. Pelo mesmo motivo, o LSD não causa dependência porque apenas produz alucinações, não dando prazer algum. É importante compreender que não simplesmente por ser capaz de ativar o sistema de recompensas uma substância está causando dependência psicológica, pois nesta visão o açúcar seria igualmente problemático(muitas vezes até é). A inabilidade de controlar a frequência e a necessidade de satisfação para manter-se confortável com a própria consciência são de fato o que constituem a dependência psicológica.
Ufa! O vício pode reunir muitos colegas, porém, muitas vezes o final será o mesmo: solidão. 
É preciso, enfrentar nossos medos, encarar nossa consciência, superar os desafios, viver é uma tarefa árdua, e essa fuga para qualquer canto, muitas vezes, nos levará para o mundo de Alice(toca do coelho) isso não é um ato condenatório. É preciso compreensão, entender o porquê dessa busca pelo vício.

Muitas  interpretações, muitos significados nessa relação vida X vícios. Portanto, é importante identificarmos essas vozes críticas internas(muitas vezes externas) que regem esses padrões, desafiar nossos dilemas, aprender formas mais construtivas de lidar com nossa dor emocional e sofrimento.  Devemos buscar a origem desse poder autodestrutivo e como chegamos até ele e como podemos sair desse estado vegetativo, onde nosso dono é o vício.Fácil? Quem disse que seria?O primeiro passo? Assumir nosso vício...





1 comentários:

  1. Adorei novidade. E essa relação que vocês fizeram com o ingrediente e o filme, ficou demais
    Beijinhos
    Ju

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"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles)

 

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