Crash - No Limite


Filme brilhante, dirigido por Paul Haggis, o mesmo que assinou roteiro dos longas: Casino Royale, Quantum of Solace e outros.Crash, no limite conta com atuações de Sandra Bullock, Don Cheadle, Matt Dillon, Brandon Fraser e grande elenco. O filme, levou Oscar´s de melhor filme, roteiro original e edição.Trama ocorre na cidade de Los Angeles, temos uma miscelânea de preconceitos, um casal em decadência, pai ausente, dias de fúria e um prato cheio para qualquer estudo do primeiro ano do curso de psicologia.

Sandra Bullock é Jean Cabot, milionária, esposa de um promotor(Brendan Fraser) moram ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo dá origem a um acidente que acaba por aproximar os outros personagens da trama, criando o 'mix' de classes sociais e etnias. Temos  o veterano policial racista, um detetive negro(muitas vezes negligenciado pela própria mãe) mãe que adora/venera o seu irmão que é traficante de drogas, temos o bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, um imigrante iraniano, sua filha e muita tensão. No filme, tudo é denso. Desde o preconceito da classe média com os negros, pobres, asiáticos, latinos até a resposta violenta dos que sofrem preconceito.
Mas, nem tudo no filme é somente fúria, ódio ou medo. Temos o outro lado, quando o policial cuida de seu pai(próstata) o mesmo policial salva a vida da negra/afrodescendente que outrora sofreu preconceito por ele, temos o detetive que cuida de sua mãe(mesmo ela pensando que é o filho viciado quem cuida) temos o pai dedicado que trabalha quase 24h por dia, para gerar uma educação digna para sua filhinha, nesse emaranhado de múltiplos personagens(adoro isso) vemos a esposa em estado de depressão, solidão, casamento unilateral que é vivido por Sandra Bullock e tantos outros momentos mais sensíveis marcam presença no longa. 
Durante, toda trama temos esse caminho entre fúria, medo, preconceito,ética, moral, corrupção...
O que mais me chamou atenção[óbvio] foi a temática fúria, como podemos ou devemos lidar com ela.Muitas vezes, passamos por problemas variados, uns podem ser mais intensos para o meu ponto de vista, outros podem não ser nada para quem está de fora. No geral, nessas últimas décadas não temos mais aquela visão: morar no campo é mais calmo, sereno e lá poderei relaxar...Isso não mais ocorre. O que podemos observar, é o nível de estresse e muitas vezes instantes de fúria que acometem nosso cérebro e comportamentos.
Estresse no trabalho, trânsito congestionado, caos nos aeroportos, tumulto nos metrôs são alguns dos motivos que podem levar as pessoas ao estresse. O problema é que, para quem tem o pavio é curto, quando ele é aceso, o resultado pode ser um acesso de raiva ou fúria, aquela vontade de gritar, de quebrar tudo. O alvo para descarregar a raiva pode ser o computador, a mesa ou qualquer objeto que esteja a sua frente, e o mais preocupante: em um momento de raiva, o “furioso” pode também atacar alguém. O comportamento é parecido com o mostrado no filme já antigo com Michael Douglas, “Um dia de fúria”, em que o personagem interpretado por ele perde a cabeça depois de anos suportando os pequenos incômodos do cotidiano. 
Geralmente, os ataques constantes de raiva precisam de atenção. Se já chegou a cometer atos extremos, saiba que é hora de procurar ajuda. Quem apresenta ataques de ira com frequência pode sofrer de Transtorno Explosivo Intermitente.  
Pessoas com esse tipo de distúrbio são descritas como “pavio curto”. 
O doutor em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Edson Shiguemi Hirata, psiquiatra do Hospital Santa Cruz, na Capital, explica que o Transtorno Explosivo Intermitente, o TEI, é um transtorno mental que se caracteriza pela ocorrência de explosões súbitas de raiva e agressão, desproporcionais a qualquer provocação ou evento estressante. O ato agressivo é de intensidade suficiente para produzir lesão corporal ou destruição de alguma coisa.


“Os primeiros sintomas se iniciam na adolescência, em torno dos 14 anos de idade. Fatores genéticos e traços de personalidade narcisista, esquizoide ou paranoide fazem com que alguns indivíduos sejam mais propensos a ter explosões de raiva quando sob algum evento estressante”, explica o médico. O psiquiatra lembra que a exposição maior a eventos estressantes aumenta o risco de uma pessoa apresentar o transtorno. Mas não são apenas esses fatores que desencadeiam o quadro.“Predisposição individual, pessoas que não sabem lidar com suas emoções, que não desenvolveram habilidades para controlar sua raiva têm maiores chances de manifestar o transtorno”, diz.

A falta de informação sobre a doença leva algumas pessoas associarem as reações de raiva com o estresse, mas é preciso procurar ajuda e tratamento médico. Segundo o psiquiatra Edson Hirata, a identificação precoce do transtorno, associada a tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico, é fundamental para diminuir e evitar a recorrência de explosões de raiva.O Hospital das Clínicas, em São Paulo, oferece tratamento gratuito para o TEI. Segundo a psicóloga Liliana Seger, o paciente. passa por uma avaliação e geralmente é prescrito medicação, junto com 15 sessões semanais de terapia em grupo.





1 comentários:

  1. aaah!Pat,

    esse filme é um soco no estômago.
    Trilha é impecável e a trama é bem atual.

    Gostei do texto, beijos.

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"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles)

 

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